Eu gosto de cinema. É a fonte para o meu trabalho de ator, diretor (e por que não de autor?). Kubrick ainda é meu favorito. A maneira como suas cenas aparecem como "pinturas" em filmes como "Barry Lyndon" e "Laranja mecânica"são geniais. Sim, eu me inspiro nele. Se isso fica ou não evidente nos meus trabalhos de direção não importa, mas eu gosto de pensar que utilizo a obra dele como fonte para minhas idéias. A genialidade de Kubrick é para poucos na história do cinema. Ele é o melhor exemplo para o que eu quero dizer nessa postagem.
"Noite na Taverna" - 2005 - Em cena: Mariana Uchôa; Daniel Sommerfeld e Monalisa DantasEu gosto de ver "quadros" no teatro. É um dos signos mais interessantes. O teatro não deixa de ser uma grande moldura, onde se insere fantasias, sonhos, delírios.
(((nos séculos passados, os burgueses brincavam de ficar estáticos como "quadros vivos" imitando pinturas famosas, como crianças brincando de "amarelinha")))
No teatro, as pinturas tomam vida e emitem significados variados.
"O mistério de Charles" de Marcos Gomes - 2006 - Em cena: Fabíola Ramos e Daniel Sommerfeld
Por que os quadros são emoldurados? A moldura os desprende da natureza; ela é uma janela que dá para um espaço inteiramente diferente, uma janela para o espírito, onde a flor pintada não é mais uma flor que murcha, mas uma interpretação de todas as flores. A moldura a coloca fora do tempo. O que uma moldura nos diz? Ela diz: Olhe para cá, aqui você encontra algo digno de ser visto, algo que está fora do acaso e da transitoriedade; aqui você encontra o sentido que dura!
Max Frisch
2 comentários:
Que texto bacana (e as fotos, belíssimas)! Não sei se estou certo, mas acho que no teatro a moldura é feita pelo diretor e pelo iluminador, que delimitam o quadro para que o espectador tenha seu olhar totalmente voltado para aquele espaço.
...com certeza o diretor e o iluminador interferem intensamente para deixar algo belo no palco, mas o ator no final é quem põe a alma no negócio! Abração!!
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