quinta-feira, 15 de maio de 2008

Nota sobre "Medusa"

Quando Mário Bortolotto escreveu Medusa de Rayban, em 1996, sua intenção era levar para os palcos uma montagem que trouxesse na sua raiz algumas características das histórias em quadrinhos, seja pelo impacto do texto, ou pela agilidade das cenas, sempre fragmentadas, mas que, ao final, juntas, formam uma história de peso. E foi isso o que ele fez com o seu grupo, o Cemitério de Automóveis, aliás, foi com esse espetáculo que ele começou a ganhar notoriedade. Agora, dez anos depois, Medusa de Rayban volta aos palcos com o jovem grupo Teatro da Curva. Com direção de Didio Perini, Medusa aborda a vida de homens que já fizeram as suas escolhas e não vão lamentar por elas e, sinceramente, por nada. Sabendo disso, basta você sentar na cadeira e deixar que o matador profissional Jack Daniels (interpretado por Ralph Maizza) lhe conte sua história de abandono e alienação com o mundo. Que o também matador Johnny Walker conte sobre a necessidade de motivação para matar; ou que o iniciante na profissão Baby Face busque sua inspiração para um assassinato teatralmente convincente. Há também Haroldo, um garoto que tenta se vingar de sua própria falta de coragem contratando um assassino para dar fim à vida do seu pai. Há de se prestar atenção em Dinamite, que conta a história de Medusa (na mitologia ela transforma em pedra quem a encara) e dispara: “se você for ver Medusa, vá de óculos espelhados”. Destaque para Paulo de Tharso, vulgo Picanha, que nessa, que é sua segunda peça, é responsável por três personagens, interpretados com uma intensidade de quem consegue passar confiança no palco, sem velhos clichês de atores. Muitos dizem que Medusa de Rayban é uma maneira de Bortolotto abordar a banalização da violência. Acho, pelo contrário, que é uma forma lúcida de falar de pessoas que não têm nada, que vivem sem esperanças ou medos, que preferem a companhia de um vagabundo a um almoço com uma família burguesa. Homens que uma jaqueta de couro e óculos escuro são capazes de escondê-los do dia e protegê-los nas noites de desesperança.

Por Gustavo Ranieri (9/2006)

Serviço:

"Medusa de Rayban"

texto: Mário Bortolotto

Direção: Didio Perini

Com: Celso Tourinho; Celso Melez; Daniel Sommerfeld; Murilo Salles; Paulo de Tharso; Ralph Maizza e Ricardo Gelli

Onde - Teatro X - Rua Rui Barbosa 399 - Sábados 24hs! ((Estréia 17/5))

Quanto: R$10,00 (meia)

5 comentários:

Anônimo disse...

Vcs voltam com fica frio??? Dissera q montagem estava do c...
queria muito ver.
abçs.

Anônimo disse...

Provavelmente sim. Só não sei ainda quando. A gente gosta muito desse espetáculo, seria um crime deixá-lo de fora. Abraços!

Unknown disse...

Ralph, assisti a peça Medusa de Rayban e curti muito a trilha sonora que você fez, a peça também é excelente.
Onde eu posso conseguir o set list com a trilha ?
Parabéns, muito legal mesmo !

Anônimo disse...

Valeu Cristina!! Deixa ver se eu lembro o nome de algumas:

Jonhy Cash - Burning ring of fire
Raul Seixas - Conserve seu medo
Jimi Hendrix - If 6 was 9
Muddy Waters - Harmonica Rockin
The Who - Happy Jack
...essas são as que eu lembro assim de cabeça, rola também, The Meeters; Kaza Kaiu (do nosso ilustre Paulo de Tharso)...
Legal que você curtiu a peça. Volte sempre!!! Beijão!!

Anônimo disse...

valeu cristina...