terça-feira, 30 de setembro de 2008

Flutuando

- Jacek Wojszczerowicz era velho, pequeno, jamais foi bonito. Tinha o rosto devastado pelas rugas e uma calvície avançada. Era polonês e ator. Depois de um enfarte, os médicos lhe ordenaram que não atuasse mais. Continuou. Veio um segundo enfarte. Os médicos previram uma morte próxima se continuasse aparecendo no palco. Persistiu: duas vezes por semana, vestido com uma pesada armadura, arrastando o passo como se um segredo bem guardado o oprimisse, era Ricardo III. Dois dias antes, começava a preparar-se para a estréia, alimentando-se somente de caldo e bebendo água. Caminhava de cima para baixo na sua casa, sem deter-se jamais, como se para reafirmar a seu próprio corpo: “Conseguiremos!”
No dia do espetáculo, jejuava como um religioso que se prepara para a cerimônia. Porém, só pensava em alicerçar seu estômago para a fadiga do espetáculo. Às três da tarde, saía de sua casa e se dirigia para o teatro com passo obstinado, murmurando as palavras de seu texto. As pessoas que o viam passar acreditavam que estava bêbado ou louco. Depois , vestia-se com sua armadura. Chegava, então, o momento em que seu olhar vagava além de seus companheiros ou dos espectadores, como se para espiar a morte.
_ “Compreende? Não atuo para o público. Atuo para Deus.”
Em Varsóvia, na escola de teatro, onde vivi meu primeiro dia de aprendizagem, pensava que só os doentes de coração deveriam ser atores.

Eugenio Barba

sábado, 20 de setembro de 2008

QUADROS

Stanley Kubrick

Eu gosto de cinema. É a fonte para o meu trabalho de ator, diretor (e por que não de autor?). Kubrick ainda é meu favorito. A maneira como suas cenas aparecem como "pinturas" em filmes como "Barry Lyndon" e "Laranja mecânica"são geniais. Sim, eu me inspiro nele. Se isso fica ou não evidente nos meus trabalhos de direção não importa, mas eu gosto de pensar que utilizo a obra dele como fonte para minhas idéias. A genialidade de Kubrick é para poucos na história do cinema. Ele é o melhor exemplo para o que eu quero dizer nessa postagem.
"Noite na Taverna" - 2005 - Em cena: Mariana Uchôa; Daniel Sommerfeld e Monalisa Dantas

Eu gosto de ver "quadros" no teatro. É um dos signos mais interessantes. O teatro não deixa de ser uma grande moldura, onde se insere fantasias, sonhos, delírios.
(((nos séculos passados, os burgueses brincavam de ficar estáticos como "quadros vivos" imitando pinturas famosas, como crianças brincando de "amarelinha")))
No teatro, as pinturas tomam vida e emitem significados variados.

"O mistério de Charles" de Marcos Gomes - 2006 - Em cena: Fabíola Ramos e Daniel Sommerfeld

Por que os quadros são emoldurados? A moldura os desprende da natureza; ela é uma janela que dá para um espaço inteiramente diferente, uma janela para o espírito, onde a flor pintada não é mais uma flor que murcha, mas uma interpretação de todas as flores. A moldura a coloca fora do tempo. O que uma moldura nos diz? Ela diz: Olhe para cá, aqui você encontra algo digno de ser visto, algo que está fora do acaso e da transitoriedade; aqui você encontra o sentido que dura!

Max Frisch

quarta-feira, 17 de setembro de 2008

Morre Richard Wright do Pink Floyd

Roger Waters; Nick Mason; Syd Barret e Richard Wright em 1967.

A vida passa mesmo...nossos ídolos estão morrendo!

terça-feira, 16 de setembro de 2008

O Teatro antigamente tinha um pacto com os deuses. Atualmente não passa de uma "mina de finanças".
(de um livro de Jean -Jacques Roubine)

segunda-feira, 8 de setembro de 2008

As faces de Cacambo!

Quem já assistiu a peça "Otimismo" em cartaz em São Paulo, sabe que o personagem Cacambo (vulgo Celso Melez) tem várias facetas! No espetáculo não podemos entrar em detalhes sobre suas profissões e aventuras, por isso, atendendo a pedidos, mostraremos algumas imagens inéditas sobre a vida do nosso herói!!!


Acima, Cacambo cai na noite em São Paulo, descobre o drink "bomberinho", perde a comanda, o controle, a dignidade e dança ao som do INXS.




Cacambo em 1974, época em que era diretor do Centro Acadêmico de "canto e voz" e perito em tiro ao alvo. Época também em que escreve a sua polêmica tese sobre Bruce Lee, dizendo que pode provar que o astro aprendera a lutar numa gafieira aqui no Brasil.












Aqui, em 1992 quando decide investir numa nova carreira acadêmica. Ao lado de seus professores de cursinho: Castrilo, (professor de informática e viagens aplicadas), e Glauco, (seu instrutor de Tênis).












Cacambo é abordado por fãs na saída de uma delegacia na Noruega. Os fãs oferecem cerveja ao ídolo, mas Cacambo não aceita, diz não poder beber pois tem alergia a lúpulo.






E finalmente no espetáculo "Otimismo", ponto áureo da sua carreira onde segundo o próprio:
_ A galera do Teatro da Curva é fantástica, meu irmão! Eles até autorizam a minha imagem de Jedi na tv!